Pular para o conteúdo principal

Fé que enxerga


Sou o rei do meu tempo 
                                   Sou o bobo da corte

o mendigo, 
o faminto, 
o palhaço, 
o indigente
o rico, o burro, 
o pobre, o forte, 
o inteligente

Sou o curandeiro 
                               eu curo a dor do futuro
                                                                e mais que isso tudo

                               Sou mais do que a bunda no assento


Eu sou o acento agudo, 
                              aquele que fere a palavra

mostra a tônica 
                       atônita 
                                   pela ideia 
                                                  pela matéria

                             Sou de tudo um pouco

Já fui cego 

surdo 

mudo 

Mas tudo muda, se move
                                   torna-se novo 

                                         agora falo, grito tanto, até ficar rouco


Não quero muito do mundo. Só não quero esse pouco.


Carola

Comentários

  1. Carola,

    fere a palavra, desfere a seta brava, a que fará soar o futuro.
    eu amo o que escreves.

    beijo,

    r

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Poetas Marginais e Geração Mimeógrafo

Estamos mais do que acostumados a ter acesso a livros e e-books que muitas vezes nem sequer passam pelo mercado editorial, mídia, crítica literária, universidade   ̶  isto é, espaços responsáveis pelo sucesso de público e sobre a inclusão da obra no cânone literário   ̶ ,   mas que se tornam fenômenos de leitura   e podem influenciar gerações futuras. Não, não estou falando de nenhum sucesso da web em blogs, sites, tumblr, fanzine virtual ou algo do gênero.  Estou falando dos poetas marginais e da Geração Mimeógrafo. Para você que acha que esses poetas vieram diretamente da cadeia, ou mimeógrafo é um bicho, uma doença ou um tipo de droga, explico.  Esses poetas começaram a produzir seus escritos a partir da década de 70 e se estenderam até 80 – alguns teóricos consideram apenas a década de 70, porém pela produção literária que até flertou com o movimento punk outros também consideram a segunda década –, ou seja, compreendidos nos ano...

Gerda: A PORTA DO CAOS

Estava com a vida num marasmo que não entendia. Tinha começado a passar por uma série de transformações que estavam doendo até aquele momento, mas tudo parecia calmo, demais até, pensava. A sensação louca que tinha era de estar na beira de uma praia vendo a mansidão do mar, mas seu coração tinha uma mania chata de antever e palpitar descompassado, o que pensava ser arritmia era uma intuição de arrancar paz, era de família sua avó dizia, “pajé bom é assim mesmo”, odiava àquelas frases da matriarca, mania de me assustar, eu hein.   Mas era assim, seu peito palpitava, sentia que ia morrer de falta de ar, seu corpo paralisava de olhos abertos, e tinha uma miração. Ia acontecer de novo. Viu uma onda do tamanho de um prédio vindo em sua direção prestes a quebrar na sua cabeça, seu corpo começou a somatizar e suou dois litros inteiros, a água escorreu debaixo de seus seios, a boca seca e o desequilíbrio a fez cair no chão. Que merda é essa, é crise de pânico só pode, a onda tá se aproxi...

Rio

Eu, filha de rio Adentro O Rio De São Sebastião Gentileza, Selarón São Jorge e Zés Pilintras Parto e no centro encontro bordas No Rio transbordo                            o que me é profundo Nele, no seio, anseio estar no mundo como um rio inundo do que tenho de estranho entranho o belo, o imundo Rio em mim rios muitos Carola