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Mostrando postagens de agosto, 2013

Como seria

Sobre o amor impossível de Clarice Lispector e Lúcio Cardoso Quando de ti me esqueço vejo-o e não meço o apreço e deste desejo, a mim caro, mereço cada adaga que virá no próximo começo cada passo não pisado cada verso não proferido cada toque não cultivado desajuste do não começo E não mereces o que de ti cortejo pois teu coração, não o conheço não com a sorte de um louco mas com o azar de um fugitivo quando o quero, nada digo ouço apenas, em silêncio tua voz em meu ouvido e imagino desde o início como seria o nosso beijo  Carola

Mais um pouco de poesia marginal

Poeta e realidade (Didática) A poesia é a lógica mais simples. Isso que surpreende aos que esperam ser um gato drama maior que o meu sapato aos que esperam ser o meu sapato drama tanto mais duro que andar descalço em modo calmo  (Maior surpresa terão passado aos que julgam que me engano: ah não sabem quanto quero o sapato não sabem quanto trago de humano nesse desespero escasso Não sabem mesmo o que falo em teorema tão claro. Como se cansariam ao me buscar os passos pois tenho os pés soltos e ando aos saltos e, se me alcançassem, como se chocariam ao saber que faço a lógica da verdade pelos pontos falsos.) VIII Sou político E nem sei o que possa dizer com isso Mas é da época ser político E há vários políticos E cada um tem a sua verdade política E a sua maneira política de ser político E cada político tem o seu melhor mundo a oferecer Sou político e também penso que talvez tenha um mundo Mas nem por isso, talvez somente fantasie inútil E acredite poder alterar
Por Adriane Henderson* Café de Nuit, Arles , P. Gauguin, 1888. Qualquer dia desses vai ser preciso forçar a memória para lembrar o teu nome. Provavelmente, serrarei os olhos e deixarei que as rugas em minha testa traduzam o esforço por uma imagem qualquer que remonte tua fisionomia. Enquanto calço um chinelo velho e a televisão espalha seu ruído pela casa para que eu não me veja tão sozinha, vou lembrar o ruído do teu sorriso e do tempo que ele passou me perseguindo pelas esquinas, na expectativa de que um dia irias atravessar a rua ao meu encontro. Numa tarde quente de dezembro vou me distrair enquanto espero o sinal fechar e vou lembrar da tua voz, sempre um tom abaixo do teu timbre, me sussurrando aos ouvidos: “menina, menina...”. Talvez um dia conte sobre aquela noite, numa mesa de bar, para os amigos. Então, vou saber que é uma lembrança desbotada pelo cheiro de vinho e suor que escorria da nossa dança. Vou retocar com tinta fresca os detalhes, re