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Mostrando postagens de novembro, 2013

Bem-vindo ao estranho mundo

*Por Vicente Franz Cecim Em algum lugar do estranho mundo mãos se tocam em silêncio branco Ah o encanto da carne quando esquecida é a existência do deus que causa a dor Uma ave vai pousando em seu ninho, traz nos olhos os espantos do dia que se acaba, se acaba Mas a tarde nos serena, com a promessa de que logo vai anoitecer para novamente nos tornarmos sombras, nos tornarmos sombras, nos tornarmos sombras Devolvidos aos ninhos escuros, escuros, escuros Ah como nos assusta caminhar sob um sol  A este lado da esfera ainda não veio o tempo do repouso  A terra geme, a fatigada, fatigada Os homens nos caminhos do crepúsculo da raça perderam seus olhos nos cílios pesados de bronzes antigos  As estátuas com nódoas de vergonhas, a vergonha, a vergonha                                                                         Nunca mais tu ouviste o sino que chamava os gestos brandos do fundo do templo Ah a sina do

Ferida d'água

Avoluma-se a erupção e transbordo sem controle litros de dor, ameaçadores mágoas como algas dançam na corrente marinha, profunda lembranças-corais são areia acumulada de difícil erosão mas o oceano deve ser renovado pois quando pulsa desse jeito é sinal de que está vivo pra enfim sair a lágrima de lava de um oceano de hipocrisia ferida d'água que se cava mas liberta pra poesia

CARMO

para Olivar calmo - o largo chora para aliviar o clamor da tarde um sino dobra o ocaso se infiltra - ad infinitum o anfiteatro um homem cego mira o infinito filtra a luz do mundo o sol finda pelo verso suspensa no tempo para sempre arde a voz do meu amigo [ DAND M. ] (extraído do livro "Possuído ou a diluição de Lorena")
*Por Adriano Barroso Não é fácil te alcançar, não. Quantas palavras delirei Em teu santíssimo nome Teu corpo que detona a fome Tua mão que bate e some. Não é fácil beber dessa luz construída só com palavras sempre me falta o pulo, a cifra a sigla, a chave, a subtração o traço, o xis, o ponto. Não é fácil preparar essa casa Pra te receber, não. Quantos ecos procurei nas palavras Substantivações de sombras Que se espraiam abandonadas. Grita o poeta à amada: A porta está aberta, Arromba! *Adriano é ator, escritor, diretor de teatro e cinema. E agora resolveu mostrar os seus poemas para o mundo(ainda bem!) e para o Espasmos Literários.