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Mostrando postagens de novembro, 2012

Todo livro tem duas histórias, ou mais

Imagem do Tumblr Te dedico Os aficionados por tecnologia que me desculpem, mas quem gosta de ler de verdade tem fetiche pelo livro enquanto objeto. Gostamos do cheiro da página envelhecida pelo tempo, da textura do papel sob os dedos, do prazer de abrir e fechar aquele universo de palavras e fantasias.    Não desprezo completamente o livro digital.   Acredito que ele seja uma evolução natural, própria do período em que vivemos, mas me parece que as letras refletidas em uma tela perdem boa parte do prazer ligado à leitura.    Você deve estar pensando: os puristas e suas idiossincrasias. Este texto não é um manifesto contra a morte do livro. Com a popularização de tablets e outros gadgets próprios para leitura, como kindle, não são os livros que estão ameaçados, mas as dedicatórias .  Aquelas palavras cuidadosamente escritas à mão, geralmente, na página posterior a capa dos livros responsáveis em grande parte pela graça de recebê-los de presente. Recados que refletem

Poetas Marginais e Geração Mimeógrafo

Estamos mais do que acostumados a ter acesso a livros e e-books que muitas vezes nem sequer passam pelo mercado editorial, mídia, crítica literária, universidade   ̶  isto é, espaços responsáveis pelo sucesso de público e sobre a inclusão da obra no cânone literário   ̶ ,   mas que se tornam fenômenos de leitura   e podem influenciar gerações futuras. Não, não estou falando de nenhum sucesso da web em blogs, sites, tumblr, fanzine virtual ou algo do gênero.  Estou falando dos poetas marginais e da Geração Mimeógrafo. Para você que acha que esses poetas vieram diretamente da cadeia, ou mimeógrafo é um bicho, uma doença ou um tipo de droga, explico.  Esses poetas começaram a produzir seus escritos a partir da década de 70 e se estenderam até 80 – alguns teóricos consideram apenas a década de 70, porém pela produção literária que até flertou com o movimento punk outros também consideram a segunda década –, ou seja, compreendidos nos anos duros da ditadura militar, em os

Não há vagas (Ferreira Gullar)

O preço do feijão  não cabe no poema. O preço do arroz não cabe no poema Não cabem no poema o gás a luz o telefone a sonegação do leite da carne do açúcar  do pão O funcionário público  não cabe no poema com seu salário de fome  sua vida fechada em arquivos Como não cabe no poema o operário que esmerila seu dia a dia de aço e carvão nas oficinas escuras - porque o poema, senhores,  está fechado: "não há vagas" Só cabe no poema o homem sem estômago a mulher de nuvens a fruta sem preço O poema, senhores, não fede  nem cheira. Ferreira Gullar

Ontem vi a minha infância me confrontar como um mendigo

Ao Alexandre Ontem vi a minha infância me confrontar como um mendigo usava muletas,  tinha olhos vidrados a pele era suja, encardida ia pedir dinheiro no ônibus meu coração parou por um segundo a dor veio depois passei direto como estranha ele me reconheceu e me esqueceu em seguida eu é que não consegui nós passamos e o tempo também a ruptura aconteceu  e nós percebemos Carol Magno