Imagem do Tumblr Te dedico |
Não
desprezo completamente o livro digital.
Acredito que ele seja uma evolução natural, própria do período em que
vivemos, mas me parece que as letras refletidas em uma tela perdem boa parte do
prazer ligado à leitura.
Você
deve estar pensando: os puristas e suas idiossincrasias. Este texto não é um
manifesto contra a morte do livro. Com a popularização de tablets e outros gadgets próprios para leitura, como
kindle, não são os livros que estão ameaçados, mas as dedicatórias.
Aquelas
palavras cuidadosamente escritas à mão, geralmente, na página posterior a capa dos
livros responsáveis em grande parte pela graça de recebê-los de presente.
Recados que refletem o cuidado na escolha da publicação, da data comemorativa,
do momento vivido.
Por
isso si só a dedicatória é um motivo para que o livro impresso nunca deixe de
existir. Afinal, abrir um livro e reencontrar aquela mensagem carinhosa que
relembra um amor perdido, um amigo, um parente, alguém especial que pensou em
você quando comprou aquele objeto é algo precioso que não pode ser perdido. E
tem mais. Imagine a seguinte situação:
você entra em um sebo, escolhe um livro, leva para casa e se depara com uma
linda dedicatória destinada a um desconhecido.
De repente aquele livro passa a ter outro significado e você passa a
fazer parte da história de outras duas pessoas que nunca viu na vida. Quase um
triângulo amoroso literário, guardada a liberdade poética do uso neste
contexto. Quem seriam aquelas pessoas? Qual seria história por trás daquela
dedicatória? Por que o livro foi deixado em um sebo? O livro impresso,
portanto, guarda consigo a memória daqueles que o possuíram anteriormente.
Imagem do Tumblr Te dedico |
Todas
as essa reflexões sobre a dedicatória surgiram depois que me deparei com o
trabalho do tumblr Te dedico, que procura
imortalizar as dedicatórias registrando as histórias por trás de cada mensagem.
Segundo a autora do projeto, um livro com dedicatória tem duas histórias e seu
objetivo é gravar a intenção ou sentimento ali exposto. Qualquer pessoa pode
enviar uma dedicatória, basta seguir as instruções descritas aqui.
A
ideia tocou-me particularmente. Guardo com particular a apreço um livro que
ganhei da minha avó por volta dos oito anos. A história de uma gota d’água e a
poluição de mares e rios é totalmente banal, mas o livro tem um valor
inestimável pela dedicatória escrita por ela. Hoje, o livrinho infantil é a
única lembrança física da minha falecida avó.
E
você, também tem alguma mensagem tocante esquecida em algum livro guardado na
estante empoeirada?
Por Carol
Marçal
@carolmarcal83
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