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Mostrando postagens de março, 2012

Este poema não foi tirado de uma notícia de jornal

Hoje vi um homem estirado no chão, não estava morto ou machucado, apenas dormindo.  Usava suas mãos como travesseiro, plumas de pele e osso. A cama era ornada com pedras, mato e cocô de cachorro. Embrulhava-se com areia e o sol de meio-dia. Seu pijama era vistoso: uma bermuda encardida repassada por décimos quintos – parecia confortável  – e uma camisa escura-derme refrescante. Usava também sapatos com a sola muito grossa. Surrada por todos os dias. Dura lida, gasto couro. Carcomido e sujo. Nada mais eram do que pés.  Dormia profundamente. Quem sabe se para sempre. Passei. Continuou dormindo. Olhei. Ele, sonhando, com a boca aberta e cheia de formiga. Eu fiquei, a li, desacordada ao lado dele. Carola

É preciso

É preciso estar  em silêncio é preciso uma folha branca é preciso do estio tornar a rotina mansa é preciso manter a calma é preciso limpar a ferida é preciso manter alma conectada com vida é  preciso estar atento é preciso ser forte é preciso dar alento e desejar bem mais que sorte Carola Lírica

Homenagem ao dia da mulher

Neste dia 08 de março de 2012 é comemorado o dia da mulher e neste mês também faz quatro anos de morte de uma anti-heroína, Kicia Magno. Era o Macunaíma de shortinho curto e camisa vermelha. Olhos brilhantes, cara de índia, pele clara e sorriso largo. Não era uma estrela, pessoa influente na sociedade ou na política, era apenas uma mulher de seus quase quarenta anos, mãe, baixinha, gordinha e empregada doméstica.   Vários homens a amaram e a odiaram na mesma proporção. Tinha uma sede de liberdade que atropelava todas as convenções e por vezes seus entes mais próximos, mas era feliz.  Ela passou na vida de muita gente como um exemplo de alegria (por vezes desmedida) e gana de viver, mas deixou uma trilha de dor aos que tiveram que viver com sua ausência. A hipocrisia sobrepujou a vida. A máxima de que “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher” se concretizou, sim, sua história chegou ao pior desfecho das histórias femininas: foi