Hoje vi um homem estirado no chão, não estava morto ou machucado, apenas dormindo. Usava suas mãos como travesseiro, plumas de pele e osso. A cama era ornada com pedras, mato e cocô de cachorro.
Embrulhava-se com areia e o sol de meio-dia. Seu pijama era vistoso: uma bermuda encardida repassada por décimos quintos – parecia confortável – e uma camisa escura-derme refrescante.
Usava também sapatos com a sola muito grossa. Surrada por todos os dias. Dura lida, gasto couro. Carcomido e sujo. Nada mais eram do que pés.
Dormia profundamente. Quem sabe se para sempre. Passei. Continuou dormindo. Olhei. Ele, sonhando, com a boca aberta e cheia de formiga. Eu fiquei, ali, desacordada ao lado dele.
Dormia profundamente. Quem sabe se para sempre. Passei. Continuou dormindo. Olhei. Ele, sonhando, com a boca aberta e cheia de formiga. Eu fiquei, ali, desacordada ao lado dele.
Carola
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