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Mostrando postagens de julho, 2012

A arte de amar (Thiago de Melo)

Não faço poema como quem chora, nem faço versos como quem morre. Que teve esse gosto foi o bardo Bandeira quando muito moço; achava que tinha  os dias contados pela tísica e até se acanhava de namorar. Faço poemas como quem faz amor. É a mesma luta suave e desvairada enquanto a rosa orvalhada se vai entreabrindo devagar. A gente nem se dá conta, até acha bom, o imenso trabalho que amor dá para fazer. Perdão, amor não se faz. Quando muito, se desfaz. Fazer amor é um dizer (a metáfora é falaz) de quem pretende vestir com roupa austera a beleza do corpo da primavera O verbo exato é foder. A palavra fica nua para todo mundo ver o corpo amante cantando a glória do seu poder. Thiago de Melo

Na espreita

espero você como quem tem fome na espreita quando vens na bandeja pele macia ou dura queimando carne e sangue quero-o vivo olhos flambando um toque de vinho teu coração como entrada prato principal, o corpo vísceras e membros maturados fumegando teus pensamentos de sobremesa são gélidos quero-o vivo brownie vigoroso em minha boca engulo-te sempre mas na espreita Carola Vívida

Perplexidades (Ferreira Gullar)

a parte mais efêmera de mim é esta consciência de que existo e todo o existir consiste nisto é estranho! e mais estranho ainda me é sabê-lo e saber que esta consciência dura menos que um fio de meu cabelo e mais estranho ainda que sabê-lo é que enquanto dura me é dado o infinito universo constelado de quatrilhões e quatrilhões de estrelas sendo que umas poucas delas posso vê-las fulgindo no presente do passado Ferreira Gullar Extraído de  http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-7/poesia/poesias . Em 20.07.12, às 14h15min.