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Mostrando postagens de julho, 2013

Primeiro

pelas costas descobres minha pele meu peito aperta lentamente deixo a roda girar pelo tempo dentro do zelo em que te acolho estou minha vida se ergue ao vento, e à voz não estou mais no que fui ontem dormes, e teu corpo conta histórias que sonho vim até ti e voltas comigo: te dou então a lâmina clara, o corte preciso. nada do que era tinha de vasto muito mais casto analítico por toda a loucura que observas, ergo um ramalhete hoje, muito mais largo do que em riste as palavras nos acenarão de dentro do esquecimento vislumbro o que há de novo, o que vem a nós emergir.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                         Carola  e Renato Torre

Dia cinza em meio ao céu azul

"Quando conhecer a sua alma, pintarei seus olhos."  Modigliani Retrato de Jeanne Hébuterne em um grande chapéu(1918) de Amadeo Modigliani Nada do que vejo tem a cor de sua essência, é como se um balde de tinta cinza estivesse cobrindo todas as rosas e borboletas coloridas de vida. A verdade é que a névoa quase sem cor está muito mais nos meus olhos, ando tateando o que não consigo enxergar de belo. Uns diriam ser isso um pessimismo qualquer ou até doença. Digo apenas ser uma onda vindo e tomando forma de monstro. Marola no começo, avolumando-se, as reverberações das conchas anunciam, já vislumbro um redemoinho que me submerge para o fundo do oceano. E me profundo e me águo, peixo-me, arrecifo-me, plâncton-me, bento-me, negrume-mar. Nada do que pertenço me aparece luz, nada claro, nada nado. De bubuia fico na imensidão do tempo. Eis o que é essa água toda, o tempo. Nele estou mareada. Fluídica, muito mais inundada. Meu corpo é só água. Setenta

Algoz

Ao amigo Rodrigo Mebs és algoz porque não estás aqui entre nós agora em outras trilhas lutas como fosse fugindo de um fogo atroz és algoz por essa distância que se faz de morta e fria feito peixe na fisgada desastrada das patas dum albatroz és algoz porque nos cobrias das noites frias com teu manto de poesia vinho-noite-neon-neblina nosso Albornoz hoje apenas soas atroz mesmo assim de viés dentro aqui de nós teu heavy metal-poema feroz ninguém cala esse silêncio porta-voz Renato Gusmão* *Gusmão é poeta, mantém o Programa Cor da Pátria desde 1993, presidente do Instituto Cultural Extremo Norte e coordenador da Proyecto Cultural Sur Brasil.