"Quando conhecer a sua alma, pintarei seus olhos."
Modigliani
Retrato de Jeanne Hébuterne em um grande chapéu(1918) de Amadeo Modigliani |
Nada do que vejo tem a cor de sua
essência, é como se um balde de tinta cinza estivesse cobrindo todas as rosas e
borboletas coloridas de vida.
A verdade é que a névoa quase sem cor
está muito mais nos meus olhos, ando tateando o que não consigo enxergar de
belo. Uns diriam ser isso um pessimismo qualquer ou até doença. Digo apenas ser uma onda
vindo e tomando forma de monstro.
Marola no começo, avolumando-se, as reverberações
das conchas anunciam, já vislumbro um redemoinho que me submerge
para o fundo do oceano. E me profundo e me águo, peixo-me, arrecifo-me, plâncton-me,
bento-me, negrume-mar.
Nada do que pertenço me aparece luz,
nada claro, nada nado. De bubuia fico na imensidão do tempo. Eis o que é essa
água toda, o tempo. Nele estou mareada. Fluídica, muito mais inundada.
Meu corpo é só água. Setenta por cento
dele, diriam uns. Muito mais do que isso, diria eu. São tantos litros que não
saberia precisar. Só consigo desaguar. Litros e litros a escorrer. Como um rio,
corro para o mar.
E nele sempre me reencontro. Dia cinza em meio ao
céu azul.
Carola
Carola,
ResponderExcluirmarola tem teu nome no mar, portanto líquida, ou liquidada,
arguta, marota, amarrotada, filha e mãe, vaga.
água quente de entranha: bebo-te.
beijo-te
r
Meu poeta,
ResponderExcluirAs palavras que tenho são poucas perto das que desejo dizer pra ti. Agradecida por este e pelos outros comentários que não agradeci. Sabes que sou meio econômica quando se trata dos meus textos...
Beijo.