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Mostrando postagens de outubro, 2011

O pobre poema (Mário Quintana)

Eu escrevi um poema horrível! É claro que ele queria dizer alguma coisa... Mas o quê? Estaria engasgado? Nas suas meias-palavras havia no entanto uma ternura mansa como a que se vê nos olhos de uma criança doente, uma precoce, incompreensível gravidade de quem, sem ler os jornais, soubesse dos seqüestros dos que morrem sem culpa dos que se desviam porque todos os caminhos estão [tomados... Poema, menininho condenado, bem se via que ele não era deste mundo nem para este mundo... Tomado, então, de um ódio insensato, esse ódio que enlouquece os homens ante a [insuportável verdade, dilacerei-o em mil pedaços. E respirei... Também! quem mandou ter ele nascido no mundo [errado? Mário Quintana

OS POEMAS (Mário Quintana)

Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam vôo como de alçapão. Eles não têm pouso nem porto alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhados espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti... Mário Quintana