Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de junho, 2019

Gerda: APARENTE PROTEÇÃO

Gerda tinha em seu peito muitas portas, pensava que ali era uma espécie de trem fantasma, cada porta uma múmia, uma bruxa a pular no caminho dos visitantes, pois era isso. Para Ela quem se aventurava a entrar em seu peito era visitante. Isto é, desde o último acontecido.   A transformação pela qual tinha passado deixou um rastro de dúvida a pular em seu juízo, já problematizava até a existência deste: juízo pra quê? Pra quem? Pra mim é que não tem função, nunca teve. O último acontecido transformou-a em um casario daqueles portugueses, presentes na Belém do Pará e na Belém de Portugal, àqueles arrodeados pelo tempo, cheio de cheiros e camadas, sons, silêncios e texturas.   Ela abriu e fechou as portas, começou a ser a chaveira, ou melhor, zeladora de sua própria vida. Passou a compreender que seus primeiros respiros para a liberdade plena não passavam de afogamentos. Dizer é agir, por certo. Mas dizer por dizer, dizer como quem se mostra era muito pouco para uma mulher como Gerda.