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Mostrando postagens de dezembro, 2012

Sobre tecnologia

Ao tentarmos escrever hoje vê-se como o mundo mudou não sou do tempo  das grandes guerras do século XX nem dos nefelibatas muito menos das liras não sou nem contemporânea da máquina de escrever sou muito mais do Windows 98 do poema escrito no Word primitivo e salvo em disquete via meu pai ainda datilografando como prática ancestral seus cadernos e agendas como algo impensável pra quê tanto latim gasto? munheca cansada de enorme esforço? eu não sabia do prazer que se tem ao ver as letras surgirem no papel branco ou reciclado, como preferir eis a grande mágica de escrever: ver surgir impresso o pensamento não julgo os que não têm essa paciência apenas não sabem desse prazer em tempos, dias, segundos corre veloz a tecnologia e perdemos o beijo da caneta e da folha que dá para a escrita toda a magia Carola

Sem título

As histórias são sempre as mesmas tiradas de velhos baús adormecidos, velhos baús de madeira adormecidos ao pé da cama.  Preso ao dia de encontrar os mortos. A família de pé diante do túmulo e ao redor, histórias guardadas, desesperos contidos . Se não estivesse ali entre eles sua ausência seria notada como uma afronta. Entre lágrimas fingidas e sinceras ele levava ao seu nojo gotas de silêncio que o entorpeciam e que o seu repouso, seus olhos fixos e a face contraída dissimulavam. No caixão, imerso em odores repulsivos o morto soltava um imperceptível riso sarcástico de triunfo. Leo de Carvalho* Foto: “The next one up” de Rob Woodcox *Leo de Carvalho é professor.  Mestrando em Letras na UFPA.  Bisonho convicto, grande comedor de pizza  e poeta disfarçado de acadêmico.  Escreve no blog  Relógio de Areia e @LeodeCarvalho2.  

Sem forma revolucionária, não há arte revolucionária*

Para os amantes da literatura perder um mestre é perder um herói. Infelizmente o mestre da vez foi Décio Pignatari - figura importantíssima para a cultura brasileira e por quem tenho pessoal apreço -, que nos deixou neste último domingo(2). Perdemos uma das referências da literatura neste país, responsável por um grande legado em comunicação e semiótica, ensaios, traduções de clássicos de  Dante, Goethe, Shakespeare, Maiakovski, autores das vanguardas americanas, entre tantos outros. E rompeu com a geração dos poetas de 45 e nos trouxe o novo, o concretismo no Brasil, aliado aos irmãos Campos no grupo Noigrandes, numa seara em que poucos escritores se aventuram: a poesia. Foi responsável por um novo olhar  para a linguagem poética, que não era apenas um meio para a mensagem e sim, a própria mensagem. Fez o tratado da poesia concreta. Trouxe a semiótica para dentro do poema e o transfigurou. Um revolucionário para os que veem na poesia um caminho para "transcriar&