As
histórias são sempre as mesmas tiradas de velhos baús adormecidos, velhos baús
de madeira adormecidos ao pé da cama.
Preso
ao dia de encontrar os mortos. A família de pé
diante do túmulo e ao redor, histórias guardadas,
desesperos contidos. Se não estivesse ali entre eles sua ausência seria
notada como uma afronta. Entre lágrimas fingidas e sinceras ele levava ao seu
nojo gotas de silêncio que o entorpeciam e que o seu repouso, seus olhos fixos
e a face contraída dissimulavam.
No caixão,
imerso em odores repulsivos o morto soltava um imperceptível riso sarcástico de
triunfo.
Leo
de Carvalho*
Foto: “The next one
up” de Rob Woodcox
|
*Leo de Carvalho é professor.
Mestrando em Letras na UFPA.
Bisonho convicto, grande comedor de pizza
e poeta disfarçado de acadêmico.
Escreve no blog Relógio de Areia e @LeodeCarvalho2.
Nossa... Muito bom! Poucas palavras, muito conteúdo. Até vislumbrei a cena.
ResponderExcluir