Ao tentarmos escrever hoje
vê-se como o mundo mudou
não sou do tempo
das grandes guerras do século XX
das grandes guerras do século XX
nem dos nefelibatas
muito menos das liras
não sou nem contemporânea da máquina de escrever
sou muito mais do Windows 98
do poema escrito no Word primitivo e salvo em disquete
via meu pai ainda datilografando como prática ancestral
seus cadernos e agendas como algo impensável
pra quê tanto latim gasto?
munheca cansada de enorme esforço?
eu não sabia do prazer que se tem
ao ver as letras surgirem no papel branco
ou reciclado, como preferir
eis a grande mágica de escrever:
ver surgir impresso o pensamento
não julgo os que não têm essa paciência
apenas não sabem desse prazer
em tempos, dias, segundos
corre veloz a tecnologia
e perdemos o beijo da caneta e da folha
que dá para a escrita toda a magia
Carola
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