Por Renato Torres*
Belém embala em gotejos
os arquejos neoclássicos,
as suas volutas mouras
esculpidas em corroídas
cantoneiras de outras culturas
a quatrocentona apura o gosto
por juras de amor nos coretos, e os
gravetos das mangueiras escuras
regem a sonata das horas
é agora, na chuva, que evolve
a vulva imensa da cidade morena,
tamanha a sua estatura,
pequena
a sua vergonha
a gônada ganha a desmesura
da gentalha suburbana
– sua zona erógena –
e goza a abundante enchente
de seus baixios
é assim que o sal e o betume
dos rios encontra descanso:
no charco soçobrante do canal
na cal das manhãs sem sol
*Renato Torres é poeta, músico, ator, parceiro de MUITOS artistas paraenses, em várias áreas. Publicará seu primeiro livro em maio deste ano, o Perifeérico, pela editora Verve. Escreve regularmente para o seu blog A Página Branca e tem um Sondclound, onde coloca suas músicas lindas.
Carola,
ResponderExcluirsabem os deuses da poesia e das artes dramáticas a via crucis que cruzaram estas palavras para chegar até aqui! (rs). seu blog é um Olimpo desejado - ou seria um desejo olímpico? - e agora minha alegria é maior que nunca... muito agradecido!
com amor,
r