meus olhos se inundam
da água que eu não queria
nunca quis
não é fácil de explicar
é estranho amar imagem
é simbólico demais
De repente, ela vem
numa pororoca de corpos
que se avoluma diante de mim
ela na aura de flores emerge
a pororoca se abre
os corpos dançam em cardume
uma piracema de lágrimas
toma conta dos corpos
os espíritos se alvoroçam
até os que me seguem
Lá vem ela, lá vem ela
vejo o manto embaçando
o brilho, a luz, um pedido
o sorriso fortuito, ingênuo
pelas graças alcançadas
a dor dos pés calejados
a força pra sempre caminhar
Ela me afaga em seu colo
um rio nasce em minha face
meu corpo se aquece de amor
que não se explica, só dá pra sentir
arranca os galhos das minhas águas
aí ela vai embora, apenas olho,
mas volta ano que vem
Às vezes esnobo a espera
finjo que não é comigo
mas meu rio vai até ela
uma vez por ano, eu sei
é simbólico demais
Carola
Carola
Carola,
ResponderExcluirsuspenso, como uma respiração embriagada, embargada, emborcada feito uma canoa que recebe a vaga surpreendente, o teu texto assoma, assume, some, dobrando a esquina, sem dizer adeus, sem ponto final, sem fim. assustadora (e simbólica) a força que não se acaba nunca mais...
beijo,
r
Inacabado, o verso, o amor, o rio, a rua, o simbólico. Só a vida se acaba, meu poeta!
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