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Carta à Pernambucana

Ela vem com seus olhos castanhos e postura de cavalo de Tróia, conquistadora-mor de vários biomas, ou será bio-amas? Territorializando corações. Das pessoas se torna porto, do seguro espírito nômade que encanta, com tanta sede de se arraigar. Mas, desencanta os seus, seu núcleo-base, a cocaína entorpecedora de seu âmago, o familiar.

De volta ao lar se sente só, pois o mundo é sua casa, ambiente fugidio. Só, seu. Solitariamente deslumbrante, vividamente morto.

As incertezas a ela se incorporam, santo de testa tão intenso, douradamente parece Oxum, na versão de mãe, zeladora de suas crias: o rebento e o homem. Este que a in(ex)citou a buscar outros e nem tão novos mundos.

Aproveita as intemperanças, ilogicidade de sua teia e faz novas formas com teus tecidos grudentos, Viúva-negra. Exerce esse poder e come teu zangão com prazer, suga suas certezas, antropófaga de emoções.

Mergulha esse lindo mar que vem te beijar e sorve apenas a luz, o sol, as estrelas e a felicidade dos que nascem todos os dias renovados pela mão de Chronos.

Dionisiacamente bebe o vinho e brinda sempre o que tens no desvelar de tuas asas.

Soubeste orquestrar e con(in)struir a mais bela sinfonia para teus fiéis apreciadores bisonhos: o valor da família no sentido mais cético e despido de qualquer sacropuritanismo dessa sociedade careta e careca.

Não perca tempo com medos de esquecimento, a memória sublima em meio aos seus apagamentos o substancial: a amizade.

P.S: Dory. 

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